A ALMA POR MEIO DE SONS

Por Samuel Reis Santos

 

Nos primeiros dias deste mês, foi realizada na cidade de Bragança Paulista-SP, a terceira Conferência Municipal de Cultura, onde fui convidado pela empresa organizadora (ER Consultoria), para ser integrante da organização, tendo palestrado na pré-conferência, atuado como Mestre de Cerimônia e, realizado a mediação do eixo de: economia criativa, trabalho, emprego, renda e Sustentabilidade.

O evento em questão me trouxe importantes reflexões sobre o papel e importância da cultura, mas, o que me fez redigir este texto, foram os momentos em que refleti sobre a importância da música em minha vida, reflexão essa que vou sistematizar nos próximos parágrafos.

 Logo cedo, aos 10 anos, comecei a tocar meu violino na igreja e posteriormente, ainda muito novo, fui buscar estudos para além do que era proposto nos métodos utilizados na Congregação Cristã no Brasil, tendo inclusive chegado a ser sub-regente de uma banda marcial.

Assim como a história do Rei Davi, sempre tive na música uma forma de me conectar com as coisas de Deus, como se orasse e agradecesse a Ele em cada melodia.

A música, de acordo com Paschoal Bona é: “a arte de manifestar os diversos afetos da alma mediante o som”, dividindo-se em três partes: melodia, harmonia e ritmo. Corroborando com a citação de Bona, em minha história, presenciei em diversos momentos a necessidade de tocar ou ouvir, uma bela melodia, com uma harmonia que permitisse um claro e afinado encontro de vozes em um ritmo que desse as marcações necessárias para uma construção de uma obra de arte.

No momento de maior desafio da minha vida, quando ouvi que estava vivo por um milagre, mas que teria uma vida limitada pelo derrame cerebral hemorrágico (AVCH) sofrido, a pior de todas as notícias possíveis foi quando me anunciaram que meu lado esquerdo nunca mais voltaria ao normal.

Neste momento, me lembro claramente da minha revolta, como se fosse tirado uma das maiores alegrias da minha vida. Me lembro de gritar, dar socos na cama e chorar bastante. 

Quando tive alta médica, após eventos milagrosos que me trouxeram o movimento das pernas, eu não via a hora de chegar em casa para pegar meu instrumento e ver o som que iria sair.

Ao chegar em casa e pegar meu violino, me deparei com um grande dilema, pois, ao mesmo tempo em que estava grato a Deus pelo milagre alcançado, percebi que não conseguia ter o movimento fino da mão esquerda e, por isso, não havia notas nas cordas do meu violino.

Por mais que todos ao meu lado estivessem gratos, eu me mantinha pensativo e calado, pois sentia que parte de mim tinha sido tirada. Persistente, como a maioria dos jovens de 20 anos são, foi nas diversas tentativas de tocar, nos dias e meses que sucederam, que vi meus dedos começarem a se dobrarem com mais facilidade.

Me lembro bem, quando consegui tocar o hino mais simples entoado na igreja, me senti “amado por Jesus” não apenas porque era esta a letra do louvor entoado, mas, porque naquele momento senti, que estava completo novamente.

Sou grato a Deus pelo milagre, pela vida e por ter encontrado na música o sentido do belo encontro entre a arte e o divino.

Gostaria que todos tivessem a oportunidade de entender do que trata-se uma música, até para que pudessem deixar de chamar aquilo que não passa de um hit ou um mero conjunto de sons de música.

O que vale a pena ouvir? Música.

Hoje qual seria a música que melhor expressa o sentimento da sua alma?

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