7º artigo da série sobre os pilares da qualidade de vida, aborda a Síndrome do Pensamento Acelerado e sua relação com a hiperatividade
Acredito que neste momento, após a leitura de seis artigos onde discorro sobre os pilares da qualidade de vida, há clareza no entendimento de que, ter qualidade de vida, é sinônimo de vivermos em equilíbrio no que diz respeito aos cuidados com o corpo, com a mente, e principalmente com a alma.
Dito isto, discorrerei um pouco mais sobre a nossa mente, conforme sugere o título deste artigo, e para isto tratarei sobre a teoria apresentada pelo psiquiatra, professor e escritor brasileiro, Augusto Jorge Cury , SÍNDROME DO PENSAMENTO ACELERADO (SPA).
Nada melhor do que começar esta jornada, apresentando algumas reflexões e citações, de uma entrevista do criador da teoria em questão, disponível em: https://youtu.be/iN64jXvJbNA (acesso em 21/01/2025 )
“pensar é bom. Pensar demais, sem consciência crítica, é péssimo(…) uma pessoa que é muito acelerada, ela copia ou simula os sintomas da hiperatividade, sem ser hiperativa”
Esta citação acontece em um contexto onde o entrevistado questiona a quantidade de diagnósticos de hiperatividade e Transtorno do Déficit de Atenção com hiperatividade (TDAH), cenário que ele critica, destacando que:
“Para ter hiperatividade, você tem que ter o fator genético (…) A hiperatividade atinge [entre] 1% [ou] 2% [das pessoas], porque 80% [das pessoas] estão apresentando sintomas semelhantes?”
Este dado apresentado pelo Dr. Augusto Cury, sempre foi objeto de questionamento da minha parte, pois, é comum chegar em uma sala de aula, e ver muitos alunos com diagnóstico de TDAH. Neste sentido, a defesa do autor, de que há erros de diagnóstico, torna-se muito coerente com o cenário que vivencio na educação, principalmente.
Após uma crítica aos diagnósticos de hiperatividade, o escritor apresenta o problema que é apresentado pelo excesso de informações e atividades, trazidas principalmente pelas Novas Tecnologias.
“Uma criança de 7 anos de idade hoje, tem mais informações que o Imperador romano tinha no norte de Roma, [e isso] não é suportável”
Para entender um pouco melhor sobre a Síndrome do Pensamento Acelerado, Cury faz uma explicação dos fenômenos da mente humana deixando claro que o excesso de informações para processar, abre múltiplas janelas de memória (milhares com milhões de dados), e que essa agitação prejudica o que ele chama de âncora da memória ou âncora emocional:
“como abre-se múltiplas janelas, a âncora não se instala para gerar a concentração (navio não se fixa no porto) (…) e aí uma das consequências é uma agitação, uma inquietação, sempre querendo fazer algo, alguma coisa”
Um dado importante trazido por Cury, que é importante de ser destacado, são os sintomas, que apresentam um sinal de alerta para a Síndrome do Pensamento Acelerado:
- Querer tudo rápido e pronto
- Baixa linear (tolerância) para suportar frustrações (pequenos problemas tem impacto muito grande
- Aversão ao tédio e a solidão
- Dores de cabeça, dores musculares, queda de cabelo
O interessante é que quando o Dr. Augusto Cury, apresentava os sintomas da SPA, tive dificuldade de me lembrar de alguém que não tenha nenhum dos sintomas, que vale a pena discorrer um pouco:
Aversão ao tédio e a solidão
Acredito que esse é um dos sintomas causadores dos demais, pois, conheço muitas pessoas que acham que: cozinhar, fazer uma horta, pescar, ler, limpar e organizar uma casa, entre outras ações; são atividades entediantes, desconsiderando o prazer que se pode obter por cada uma delas.
Quando falamos de solidão, logo penso em momentos de autoavaliação, autoconhecimento… que são essenciais para nosso desenvolvimento pessoal.
A falta de prazer em atividades que parecem tediosa, junto a praticidade apresentada pelas novas tecnologias, trouxeram a tona o querer tudo rápido e pronto; o que, ao meu ver, representa uma certa impaciência com o processo que “antigamente” representava momentos de prazer, amor, e cuidado com a pessoa e com os que estão ao seu lado.
Dos sintomas apresentados, o que mais me preocupa é, sem dúvidas, a baixa tolerância com frustrações.
Tenho visto, cada vez mais crianças, jovens e adultos, que não suportam perder; muitos deles colocam um peso no resultado, muito maior do que ele representa, trazendo grande frustração com um resultado adverso. Fico pensando… qual foi o momento em que as pessoas começaram a achar que é possível ter aprendizado sem estudo, vitórias sem batalhas, ser ótimo profissional sem erros durante os treinos, etc. Em resumo, as pessoas têm se esquecido que:
O processo valoriza a qualidade do produto final
Em outras palavras, para ser uma pessoa vencedora, é necessário aprender as lições da derrota.
Um dos pontos mais importantes da entrevista que destaco neste artigo, foi a apresentação de que os sintomas da Síndrome do Pensamento Acelerado, pode ser observada em nosso físico com: dores de cabeça, dores musculares, e queda de cabelo, que:
“representam gritos de alerta do corpo suplicando (…), mude seu estilo de vida!”
Se estamos falando de um problema que afeta as “janelas da memória”, então, estamos falando do pior dos sintomas que é o déficit de concentração e déficit de memória, que é algo comum de encontrarmos em nossos momentos de autoavaliação e também ao observarmos as pessoas que convivemos.
Diante de uma síndrome que representa um alerta para todos nós, que desejamos ter uma mente saudável, o autor da teoria traz alguns remédios, que destaco aqui:
“Não dá para desacelerar completamente, mas, é importante contemplar o belo, é importante parar, se interiorizar, e trazer a sua memória aquilo que te traz esperança,sonhos…”
Por fim, destaco o momento onde o autor fala de fazer coisas fora da rotina com sua família. Meu destaque se dá pelo fato de que, contemplar a beleza da vida, alimentar nossa esperança, e principalmente, acreditar em nossos sonhos; se torna muito mais prazeroso quando estamos acompanhados de pessoas que amamos e queremos bem.