INOVAÇÃO COMEÇA COM PESSOAS: REFLEXÕES SOBRE DESENVOLVIMENTO E QUALIDADE

Mais um artigo da série sobre os pilares da qualidade e vida

 

Se há algo de que gosto de estar atento e escrever, é sobre minhas experiências em sala de aula. Isso porque, mesmo que você tenha domínio dos assuntos a serem apresentados, no momento em que começa a ensinar, algumas perguntas o levam a pensar para além do que você estava disposto a falar.

Nesta semana, estava ministrando uma aula para uma turma com alunos de diversos cursos de gestão, além de alunos de administração. 

Nessa aula, comecei abordando o debate sobre se o investimento em pessoas (recursos humanos) poderia ser considerado custo ou despesa, levando em conta que a maioria dos autores dessa temática relaciona custo a investimento e despesa a algo que pode ser cortado. Assim, tratar o trabalhador nesse cenário gera debates interessantes. 

Como professor especializado em diversos ramos da educação e em gestão empresarial, acredito que o investimento em pessoas nunca deveria ser visto como uma despesa, pois se trata de um investimento que se espera ter resultado no que chamamos de aprendizado organizacional. Ou seja, uma empresa que investe em pessoas e cria um ambiente propício à aplicação e ao compartilhamento de novos conhecimentos é uma organização que inova, e isso nunca deveria ser visto como despesa.

Defendo que não há desenvolvimento de uma organização sem o desenvolvimento de pessoas. 

Foi justamente nessa defesa, exposta em uma roda de conversa, que alguns alunos de Administração me perguntaram se minha argumentação tinha relação com qualidade ou produtividade. Com base nesse questionamento, comecei a abordar a mudança que houve no conceito de produtividade e qualidade ao longo do tempo. 

É fácil perceber que, por muitos anos, qualidade estava relacionada à perfeição do produto e à eficiência na sua produção, principalmente no que diz respeito à agilidade do processo. Até que, em meados da década de 80, no Brasil, a ideia de qualidade e produtividade começou a ser ampliada, dando maior destaque à gestão de pessoas e do processo. Desde a década de 40, porém, o curso de Recursos Humanos já defendia que não há resultado de qualidade sem a valorização do trabalho.

Para defender a importância da gestão de recursos humanos, lembrei os alunos da pirâmide de Maslow (tema que já abordei nesta série de artigos sobre qualidade de vida). Abraham Maslow, em sua teoria da hierarquia das necessidades humanas, defendeu que não há possibilidade de um trabalhador atingir sua maior capacidade se não tiver atendidas suas necessidades fisiológicas, de segurança, de competência social e de autoestima.

Na pirâmide de Maslow, acredito que fica clara a importância do investimento em pessoas. Para ilustrar essa defesa, deixarei um exemplo: Imaginemos uma pessoa que não tem parte dos dentes na boca e que não possui condições de ter uma roupa apropriada para ir ao trabalho. Essa pessoa teria condições de manter relações sociais, que pressupõem segurança para se posicionar, sorrir, falar e demonstrar afeto?

Parece-me claro que, sem as necessidades básicas atendidas, o trabalhador não terá condições de fazer o que é essencial em uma organização empresarial que preza por seu desenvolvimento: o trabalho em equipe. Com esse exemplo, deixo claro que, ao investir no trabalhador, mesmo em suas necessidades mais básicas, como saúde, auxílios para alimentação e uma justa remuneração que lhe permita ter moradia, lazer e deslocamento para o trabalho, a empresa está investindo naquele que será uma das peças fundamentais do desenvolvimento da organização.

Lembro que uma organização que não se desenvolve, ou seja, que não inova, é uma organização fadada a deixar de existir em um breve espaço de tempo.Ao final deste artigo, quero relacionar o tema abordado em sala ao nosso cotidiano. 

Se pensarmos em nós mesmos como uma organização que necessita de desenvolvimento, o que estamos fazendo para ampliar nosso leque de aprendizados? 

Além de termos nossas necessidades básicas atendidas – o que espero que todos tenham suprido –, será que estamos seguros para manter relações sociais? 

Se você está enfrentando problemas para estabelecer relações sociais, é importante buscar ajuda, pois, no cenário atual, suas chances de sucesso na vida familiar, social e empresarial são muito reduzidas. Assim, antes mesmo de iniciar um curso, esse é um sinal de que você precisa destravar essa etapa do seu desenvolvimento.

As relações sociais efetivas são um combustível que nos leva à autoestima, também conhecida como amor-próprio. Costumo dizer que, sem autoestima e CHA (Conhecimento, Habilidade e Atitude – também abordado nesta série de artigos), é impossível alcançar a autorrealização.

Se, na nossa vida pessoal, ser realizado é uma meta que nos leva a ser um melhor pai, uma melhor mãe, um melhor irmão e um melhor cidadão, então uma empresa com colaboradores realizados significa uma empresa que será beneficiária direta de um grupo de pessoas que conseguirá entregar o seu melhor em seus resultados.

Invista em você e comece se preocupando com suas necessidades fisiológicas, como saúde, alimentação e moradia. Após esse primeiro investimento, busque ser uma pessoa segura e aberta às relações pessoais, e o restante acontecerá de forma muito mais fácil do que você imagina.

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