sexto artigo da série sobre os pilares da qualidade de vida
Inteligência+gestão das emoções/sentimentos, este poderia ser um resumo clássico sobre o que compreendo ser inteligência emocional, mas, antes de ampliar este conceito e trazer algumas reflexões, vamos abordar os temas de forma fragmentada.
Tendo o dicionário de Psicologia da Associação Psicológica Americana (2010, p. 521), como base, podemos compreender inteligência, como a “capacidade de extrair informações, aprender com a experiência, adaptar-se ao ambiente, compreender e utilizar corretamente o pensamento e a razão”. Diante desta definição, fica claro que inteligência tem uma relação direta com a capacidade de aprender a analisar os dados presentes no nosso cotidiano, mas para além das questões ligadas a informações, que geram conhecimento e por fim sabedoria (pirâmide do conhecimento), inteligência tem uma relação direta com questões ambientais, e é neste aspecto onde a gestão das emoções tornam-se essenciais.
Quando falamos de gestão das emoções/sentimentos, estamos diante de uma das competências mais importantes da atualidade. Mas antes de discorrer sobre o assunto em questão, é importante diferenciar emoções de sentimentos. Emoções é algo que possui relação com o mundo exterior podendo contagiar várias pessoas, já o sentimento é uma reação individual. Em resumo, uma mesma emoção pode gerar sentimentos diferentes aos participantes daquela relação com o meio ambiente.
Agora que fizemos um resumo sobre inteligência, emoções e sentimentos, é possível compreender as ideias popularizadas, no século XX pelo psicólogo Daniel Goleman. Em resumo, o autor em questão defende que: inteligência emocional é a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as próprias emoções, sendo essas competências compostas por cinco componentes principais: Autoconhecimento, Autocontrole, Motivação, Empatia e Habilidades sociais.
É interessante observar que grande parte dos componentes descritos por Goleman, tem o mesmo prefixo “auto” de autonomia, autoestima…
Digo isto, porque vejo autonomia como o primeiro passo para construir uma liberdade de pensamento e ação, que são essenciais não só na construção da inteligência emocional, mas também na obtenção de autoestima, autorrealização, autogestão, autoconhecimento…
Quando vejo alguém falar de autoconhecimento e autocontrole, lembro da célebre frase do filósofo grego Sócrates que diz:
“Conhece-te a ti mesmo”
Tanto autoconhecimento, como autocontrole, tem uma relação direta com a nossa capacidade de realizar uma reflexão interna (autoavaliação), que sugeri em outro artigo que tratei da matriz SWOT. Com esta autoavaliação, compreendemos quais são as fraquezas que tiram nosso controle das emoções, e que poderão ser muito prejudiciais para nossa vida, podendo inclusive minar relacionamentos importantes para nós (casamento, família, amigos, emprego…).
Claro que não basta um bom diagnóstico obtido por uma autoavaliação realizada por meio do autoconhecimento. É necessário que diante de uma fraqueza identificada, tenhamos a humildade de buscar motivação para superá-la.
Quando falamos de ter inteligência para realizar uma gestão das emoções/sentimentos de forma eficaz. Acredito que o principal componente está no autocontrole, afinal, se não temos controle sobre nossas emoções, criaremos barreiras, quase que intransponíveis, no que diz respeito a relações sociais.
Como falar de empatia ou relações sociais, se não consigo ter controle de emoções como: raiva, medo, nojo, desprezo…?
Então ter autocontrole é a principal chave para que sejamos pessoas “centradas”. Ou seja, uma pessoa que mesmo diante de um cenário de emoções adversas, se mantém firme nos seus objetivos, sem deixar de aprender com as experiências vivenciadas por si e pelos que estão ao seu redor.
A chave para a inteligência emocional, é a pacificação.
Para fazer a defesa da minha afirmação, partirei da reflexão presente na carta escrita pelo Apóstolo S. Paulo, aos Romanos, que em seu capítulo 5, traz a seguinte reflexão:
“tribulação produz a paciência”
“E a paciência a experiência, e a experiência a esperança”
Quando penso em alguém que, após a realização de análises internas (autoconhecimento), tenha humildade para reconhecer, controlar e superar suas falhas, buscando ser uma pessoa com ciclos de amizades sólidos, e que tenha empatia pelo próximo. Eu vejo, na maioria das vezes, alguém que vivenciou tribulações que o fizeram gerar um sentimento pacífico, com uma experiência que o permite ter esperança mesmo em momentos de dificuldade.
Falar que tem inteligência emocional em momentos de “águas tranquilas”, me parece algo fácil de se dizer. Mas, ter inteligência emocional em momentos onde o meio ambiente exala tragédias e crises, passa a ser algo muito mais difícil. No entanto, mesmo diante de crises e momentos de enfermidade, sempre há aquela pessoa mais experiente, que já passou por algo parecido, e que com sua experiência, exala esperança.
Então, mesmo sendo um tema muito abordado na atualidade, os mestres da inteligência emocional, que conheci, eram senhores e senhoras, que tiveram o seu cristianismo fortalecido por meio de tribulações vivenciadas e vencidas em suas vidas.
Sob a ótica do cristianismo, penso que o autoconhecimento é um pressuposto necessário, pois, diariamente existe uma busca pela perfeição presente na figura do nosso Senhor e salvador Jesus Cristo, afinal, este orientou a seus seguidores a tê-lo como espelho.
Ter Jesus Cristo como espelho, significa compreender que a mensagem do seu evangelho, têm como pressuposto principal o “amor ao próximo, como a ti mesmo” (empatia). Ter o Senhor Jesus Cristo como exemplo, é ter o maior exemplo de qualquer inteligência, em especial, a inteligência emocional.
Diante das reflexões sobre inteligência emocional, fica fácil relacioná-la como pressuposto essencial para uma mente saudável e com o espírito em equilíbrio necessário para que haja uma qualidade de vida.
Não basta sobreviver, é necessário ter inteligência para viver com qualidade!