Por: M.e. Cleber Paixão
No Mundo cristão uma das palavras mais importante e ditas, e ao mesmo tempo negligenciada é “revelação”, mas o que realmente a cristandade quer dizer ao verbalizar tal palavra?
Para o teólogo Bruno Forte revelação não é uma transmissão de conteúdos doutrinais fixos, mas um acontecimento vivo, um doar-se de Deus na história, nesse sentido a autorrevelação divina é um dom para os homens, com a finalidade última o encontro amoroso entre Deus e o ser humano.
Revelação é o descortinar de Deus aos homens, é uma relação dialética de abertura e de escondimento, de real autocomunicação e de não menos real superioridade do mistério em relação à forma da comunicação, é marcada pela mesma etiologia da palavra latina re-velatio (como da palavra grega ἀπὁκάλυψις – Apocalipse), pois as duas pretende comunicar a ideia de mostrar o que está oculto e por isso o Deus cristão é ao mesmo tempo o Deus absconditus e o Deus reuelatus, ele é o Deus transcendente e que não está preso as amarras do tempo mas podemos afirmar também que se revela de forma peculiar na história.
Mas o que é mostrado na revelação de Deus? essa pergunta inquietante suscita uma resposta que causa escândalo, Deus é amor como afirma as escrituras, e amor é sempre saída de si para ir ao outro, essa saída não se fundamenta em uma necessidade metafísica, mas na pura gratuidade do amor, essa saída em direção ao outro comporta um risco de não aceitação, “ele vem para os seus, mas os seus não o receberam”. Revelação nada mais é que um risco tomado por Deus.
Nesse sentido, a revelação tem um caráter dramático, pois, não é um espetáculo, mas um drama de liberdade e resposta. O Deus que se revela é aquele que, por amor, renuncia à sua impassibilidade e se compromete com a história humana, entregando-se até o extremo da cruz.
A novidade do Deus cristão não está em sua onipotência, eternidade ou soberania. Está no fato dele ser amor sempre em saída, os homens não tem condições de ir até Deus, mas Deus faz um êxodo de si e vem até nós, a isso usa- se o termo revelação, mas poderíamos chamar de graça e amor.



